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Micotoxinas nas Lavouras (Culturas, pt): Um Perigo à Saúde Humana e de Animais Domésticos


ESTRATÉGIAS DE MANEJO (CONTROLO, PT) PARA REDUÇÃO DE CONTAMINAÇÃO COM MICOTOXINAS

Figura 17

Figura 18

Figura 19

Figura 20

Figura 21

Filme 2

O manejo (controlo, pt) de micotoxinas envolve práticas que abrangem a pré-colheita, a colheita e o pós-colheita (incluindo técnicas de destoxificação). O manejo pós-colheita pode incluir não apenas práticas diretas de redução dos níveis de micotoxinas, mas também o manejo (controlo, pt) do risco relacionado às micotoxinas, dirigindo produtos contaminados para usos menos sensíveis, ou controlar o seu uso através de regulamentação. Monitoramento ou vigilância dos níveis de micotoxinas em culturas e seus produtos é uma importante estratégia de manejo (controlo, pt) que pode ser implementada em pré e pós-colheita.

Estratégias de pré-colheita consistem principalmente em práticas que visam reduzir a infecção por fungos produtores de micotoxinas e são divididas em três categorias: (1) resistência genética e outras características fenotípicas; (2) práticas culturais (data de plantio e colheita, sistema de plantio direto, rotação de culturas, densidade de plantas, irrigação, sanidade de plantas); e (3) controle químico (inseticidas e fungicidas) ou controle biológico.

Entre as culturas afetadas por micotoxinas, o milho e o trigo foram as culturas onde mais se intensificaram os esforços no desenvolvimento de resistência genética em cultivares comerciais. Como resultado, podem ser selecionados híbridos de milho (Figura 17) e variedades de trigo e cevada (Figura 18) com resistência parcial a fungos toxigênicos. Entretanto, a resistência genética a estes fungos tem se mostrado complexa, sendo que altos níveis de resistência ainda não foram alcançados em híbridos de alto rendimento. A resistência a Aspergillus flavus em culturas de sementes de oleaginosas também tem sido estudada, especialmente em amendoim, mas ainda não se tem disponível cultivares comerciais com resistência a contaminação por aflatoxina. Em grão de milho as infecções por Fusarium verticillioides e A. flavus são favorecidas por injúrias de insetos. A resistência a insetos promovida pela transgênia de proteínas Bt tem se revelado útil na redução de fumonisinas e (menos consistente) aflatoxinas em grãos de milho (Figura 19). Outras características geneticamente controladas em plantas hospedeiras também podem influenciar na vulnerabilidade à contaminação por micotoxinas. Por exemplo, culturas de cereais de inverno que são autopolinizadas tem menor infecção por ergot (cravagem, pt) do que as culturas de polinização cruzada (como centeio), pois as estruturas florais não polinizadas permanecem suscetíveis por um longo período. A resistência genética a fungos toxigênicos permanece importante e pode, eventualmente, ser conseguida através da utilização de engenharia genética.

Práticas culturais podem auxiliar na redução da sobrevivência ou dispersão dos fungos toxigênicos na lavoura, ou evitar a contaminação pelo escape, pela data de plantio ou colheita. Devido à maioria dos fungos toxigênicos sobreviverem nos restos culturais, redução na contaminação com micotoxinas pode ser alcançada pela rotação de culturas, destruição de restos culturais ou práticas de sanitização. O sucesso destas práticas, no entanto é limitada, uma vez que os esporos destes fungos podem ser dispersados a longas distâncias (Figura 20). Práticas culturais como espaçamento entre plantas, fertilização, controle de plantas daninhas e irrigação podem ser alteradas para promover condições ambientais menos favoráveis às infecções, seja pela redução do desenvolvimento fúngico ou redução na suscetibilidade da planta.

Em algumas culturas as infecções podem ser reduzidas pelo uso de fungicidas, inseticidas ou agentes de controle biológico. Inseticidas podem ser parcialmente eficazes apenas para aquelas infecções que estão associadas com injúrias causadas por insetos. Fungicidas são largamente utilizados em trigo para prevenir infecções por F. graminearum e outros fungos que causam giberela (fusariose, pt). A análise da necessidade de fungicida e do momento de aplicação tem sido melhorada através do desenvolvimento de modelos de avaliação de risco, que estão disponíveis on-line para áreas produtoras de trigo (Figura 21). Aplicações de fungicida no momento adequado podem reduzir infecções e contaminações com micotoxinas, mas o controle da doença nem sempre resulta em redução da contaminação com micotoxinas. Medidas de controle biológico foram desenvolvidas para o controle da giberela (fusariose, pt) em trigo e para infecções por A. flavus em sementes de algodão e outras culturas. Para giberela, são aplicados nas espigas microrganismos que são considerados antagonistas ao patógeno. As estratégias de controle biológico a A. flavus envolvem a aplicação de um isolado não toxigênico de A. flavus na superfície do solo, o qual coloniza a cultura e compete com os isolados toxigênicos.

Estratégias pós-colheita de manejo (controlo, pt) para micotoxinas são enquadradas nas seguintes categorias: (1) secagem e manejo (controlo, pt) no armazenamento, (2) seleção ou outra separação física, e (3) destoxificação.

Para a maioria dos produtos agrícolas afetados por micotoxinas, secagem pós-colheita e manutenção adequada das condições de armazenamento são elementos-chave no manejo (controlo, pt) de micotoxinas. Crescimento fúngico e produção de micotoxinas podem ser prevenidos quando o teor de umidade do produto está abaixo de um nível crítico; o teor de umidade adequado tem sido determinado para o armazenamento de grãos de cereais, feijões e oleaginosas. O controle da temperatura na armazenagem também é muito importante. Estas táticas podem ser facilmente implementadas em países desenvolvidos, mas podem ser muito desafiadoras em países em desenvolvimento, onde condições adequadas de secagem e armazenamento não estão disponíveis.

Grãos ou oleaginosas que são infetados por fungos micotoxigênicos frequentemente apresentam sintomas visuais ou outras características físicas que permitem uma separação dos grãos sadios. Isto pode ser uma medida eficaz para reduzir o nível de micotoxina de um lote de grãos sem a remoção de grandes quantidades do produto. Estes métodos incluem limpeza por fluxo de ar, separadores ópticos e separação por densidade (Filme 2). Além disto, normalmente o pericarpo do grão apresenta os maiores teores de micotoxina e métodos de retirada do pericarpo também têm se mostrado úteis na redução de micotoxinas. Finalmente, em alguns casos, lotes inteiros de grãos contaminados não são destinados para alimentação humana ou ração para animais sensíveis, e são utilizados na alimentação de animais menos sensíveis, como animais adultos em gado de corte.

A destoxificação de produtos contaminados pode ser realizada de maneira térmica, biológica ou química. Inativação térmica de micotoxinas usualmente é utilizada no processamento industrial de alimentos. A maioria das micotoxinas são relativamente estáveis à temperatura, tornando difícil alcançar reduções significativas nos níveis de micotoxinas mantendo-se a qualidade do produto. Microrganismos têm sido identificados como capazes de metabolizar certas micotoxinas. Em particular, microrganismos presentes no rúmen de bovinos têm se mostrado capazes de destoxificar DON em certas condições e um aditivo baseado em pelo menos um destes microrganismos foi desenvolvido. Vários métodos químicos foram desenvolvidos com algum sucesso em quebrar as moléculas das micotoxinas em produtos pós-colheita. O mais bem conhecido produto é o gás de amônia ou sulfato de amônia para redução do nível de aflatoxina em milho. Esta é uma prática amplamente aceita internacionalmente, mas não é muito utilizada no EUA. Outros métodos incluem a extração com solvente e agentes de ligação às micotoxinas em rações contaminadas para animais. Em geral, a destoxificação é uma das medidas menos preferidas no manejo (controlo, pt) das micotoxinas, por serem de alto custo e pelas limitações impostas no uso de grãos descontaminados.

Uma medida comum usada em programas de segurança alimentar é APPCC/HACCP, Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle. Esta medida tem sido recomendada e implementada na prevenção da contaminação de produtos alimentares com micotoxinas. APPCC para a prevenção de micotoxinas é um sistema de gerenciamento pró-ativo de alimentos com base no controle de processos e materiais ao longo de toda a cadeia de produção. A abordagem é baseada em sete princípios:

Identification of hazards; assessment of risk; description of control measures

  1. Identificação de perigo, análise de risco e descrição das medidas de controle;
  2. Identificação dos pontos críticos de controle (PCC);
  3. Estabelecimento de limites críticos;
  4. Estabelecimento de procedimentos para monitoramento dos PCC;
  5. Estabelecimento de ação corretiva;
  6. Estabelecimento de procedimentos de verificação;
  7. Documentação e registro.

Programas de APPCC foram estabelecidos para o controle de micotoxinas em várias culturas, incluindo milho, café, oleaginosas e maçã em diversos países. Esta medida demostra-se adequada para micotoxinas por permitir a redução da necessidade dos caros testes de controle de qualidade.

Próximo: Detecção de contaminação com micotoxinas